Ademar Turmalina fala sobre escuta popular, prioridades do bairro, espiritualidade e os desafios de quem está no primeiro mandato na política valadarense
- JAMES
- 30 de jun.
- 3 min de leitura
A chegada à Câmara trouxe visibilidade, pressão e uma rotina marcada por pedidos, limites institucionais e expectativas públicas por mudança.

Apresenta-se como “O Vereador do Povo” e diz que a expressão não é apenas um bordão de campanha. “Foi o nome que ficou, porque é o que sempre fiz. Atendi gente no transporte, depois na assistência social. Sempre estive com o povo”, explicou em entrevista à nossa equipe.
O vereador afirma manter os mesmos hábitos de quando atuava como motorista e voluntário em associação filantrópica. Atende ligações, responde mensagens e diz não abrir mão da escuta, mesmo quando não consegue resolver de imediato. “As pessoas já chegam com o não. O mínimo que posso fazer é dar atenção. Às vezes não sai como a pessoa queria, mas tento ajudar de outro jeito”, afirma.
Apesar de ser identificado com o bairro Turmalina, Ademar insiste que não se limita a um só território. “Tem gente do Trevo, da Vila Isa, de todo canto que me procura. Recebo demanda da cidade inteira. Às vezes não dá pra resolver tudo, mas eu escuto. E sigo tentando.”
A entrada na Câmara também exigiu aprendizado. Ele admite que o ambiente legislativo é mais complexo do que imaginava. “A política tem muitos procedimentos. Ninguém entra sabendo tudo. Eu busco informação com quem já está há mais tempo, pergunto, observo. Tem vereador no terceiro mandato que me orienta. Isso ajuda muito a não cometer erros”, pontua. Em sua fala, repete um ponto com insistência: “A gente foi eleito pra atender. Não importa se a pessoa mora no meu bairro (Turmalina) ou não.”
Entre as pautas que já levou ao Legislativo, Ademar destaca duas com força simbólica e que considera prioritárias: a construção de uma escola estadual e de uma capela velório para o bairro Turmalina. Segundo ele, a atual estrutura escolar funciona de forma improvisada num prédio da prefeitura, o que compromete o funcionamento. “O espaço não é adequado, e o bairro já tem condições de ter sua própria escola estadual.”
A capela velório, por sua vez, tornou-se uma demanda urgente após as mudanças nas normas da vigilância sanitária, que impediram as igrejas locais de realizarem cerimônias fúnebres. “Muitas famílias ficaram sem um lugar digno para se despedir dos seus. É uma questão de respeito. Já existe o terreno, já fizemos o requerimento. Falta executar.”
Pontes, não muros
Na conversa com a JAMES, o vereador também abordou o clima político atual. Disse que mantém diálogo com todos os colegas de Câmara, mesmo com as diferenças partidárias. “Cada vereador tem sua causa, seu jeito, sua linguagem. Tem quem seja da saúde, do esporte, da juventude. Eu falo com todos. Não vejo muros. Pelo contrário, estamos conseguindo nos unir”, avaliou.
Na avaliação de Ademar, a articulação entre os poderes é essencial para que o trabalho aconteça. Destacou que, apesar de não ter apoiado o atual prefeito durante a campanha, foi chamado ainda em janeiro, logo no início do mandato, para colaborar. “Ele me chamou, falou que não importava o passado e que precisava de mim pra trabalhar. Isso foi importante. O trabalho não é de um só, é conjunto.”
Espiritualidade e rotina
Católico, Ademar também compartilhou como a fé e a família são alicerces do seu cotidiano político. “Tudo eu coloco nas mãos de Deus. Antes de sair de casa, eu oro. Peço discernimento pra ouvir as pessoas, pra tomar decisões.” Ele também falou sobre o papel da família, especialmente da esposa, na rotina intensa do mandato. “Minha mulher segura tudo em casa. Eu saio cedo, volto tarde. Às vezes nem paro pra almoçar. O telefone toca o tempo inteiro.”
Ainda assim, diz que faz questão de atender pessoalmente sempre que pode. “Gosto de ir até o local, ver o problema com meus olhos. E quando não posso, os assessores vão no meu lugar. Mas não deixamos ninguém sem resposta.”
Ao ser questionado sobre o que espera do futuro, Ademar foi direto. Disse que ainda é cedo para falar em reeleição, mas que não descarta. “Se o trabalho for bom, a população aprova. Se não for, não tem desculpa. Ninguém é dono de cadeira nenhuma.”
Ele também comentou o cenário da última eleição, quando 14 novos nomes chegaram à Câmara. “Foi um recado claro. O povo quis renovar. Agora a gente tem que justificar essa escolha. Não adianta só prometer, tem que entregar. E entregar com seriedade.”
Vitor Gabriel Abreu
Revista JAMES
Junho/2025
Comentarios