top of page

Bob Villela fez da Univale o destino de uma trajetória que atravessou redações, agências e campanhas, e que hoje encontra na sala de aula sua plenitude

  • Foto do escritor: JAMES
    JAMES
  • 22 de set.
  • 3 min de leitura

Em conversa com a Revista JAMES, Bob reflete sobre escolhas, desafios da profissão e a responsabilidade de formar comunicadores em tempos de dispersão e transformações tecnológicas.


ree

Da prática ao ensino

Com mais de 17 anos de experiência no mercado e seis dedicados integralmente à docência, ele é reconhecido pelos alunos como um dos mestres mais presentes e admirados. “Eu tenho muito mais tempo de mercado do que de docência”, afirma. Foram passagens por Valadares, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, em diferentes funções ligadas à comunicação, até consolidar-se como professor em tempo integral. A escolha, no entanto, não foi improvisada. Desde os primeiros anos de carreira, Bob já sabia que queria ensinar: “Eu queria viver a docência, queria compartilhar experiência. Mas tive paciência, porque para compartilhar experiência, é preciso ter experiência."


Essa vivência, da assessoria às campanhas políticas, tornou-se um diferencial em sala.

“O aluno percebe quando o professor fala só pela teoria. O meu objetivo sempre foi levar esse repertório de mercado para além dos livros”, completa.



A sala de aula diante das mudanças

Ao refletir sobre o desafio de formar jornalistas e publicitários em um cenário de instabilidade profissional e avanço das tecnologias, Bob é categórico: a essência não mudou. “O nosso maior papel é formar gente que tenha consciência cidadã. Mais do que ensinar softwares ou técnicas, a universidade precisa ser espaço de pensar e debater."

Nesse ponto, ele reconhece que a disputa pela atenção é um obstáculo cada vez maior.

“Hoje, concorremos com o smartphone que está na mão de cada um. Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de entender que todos estamos no mesmo barco. O desafio é fazer o estudante acreditar que vale a pena dedicar tempo a uma discussão que, sozinha, não muda a vida, mas cujo acúmulo pode transformar trajetórias."



O debate e a profundidade

Para Bob, o debate em sala perdeu densidade. Textos longos e reflexões mais profundas, comuns no passado, encontram hoje resistência. Ainda assim, ele acredita que a curiosidade de alguns estudantes mantém vivo o espírito crítico necessário. “Quase todo mundo que a gente admira fez algo diferente, e só conseguiu porque tinha repertório. Ler, ver filmes diversos, buscar ideias contraditórias: é isso que constrói soluções originais."

Ele defende que, mesmo em um mundo acelerado, é possível cultivar a profundidade. “As matérias de jornal estão mais curtas, tudo é mais breve. Mas nós podemos ser mais profundos, basta insistir na reflexão."



E se começasse hoje?

Diante da pergunta sobre o que faria se tivesse de escolher uma profissão nos dias atuais, Bob não hesita em reconhecer sua abertura para outras áreas: história, geografia, filosofia, psicologia. “Sou encantado por muitas coisas. Mas não me vejo fazendo outra escolha que não a comunicação. Foi o caminho que me formou e que mais dialoga com a maneira como eu penso o mundo."

A paixão não se restringe à publicidade, ainda que marcada por sua trajetória.

“O jornalismo me encanta muito. Um texto jornalístico bem feito é uma obra de arte. Um artigo com poesia e embasamento pode ser algo belíssimo, humano. Eu sempre gostei disso."



Referências e repertório

Ao falar de referências, Bob destaca a publicidade da chamada “era de ouro”, quando campanhas se tornavam clássicos culturais e transformavam a percepção coletiva. “Na minha época, comerciais como os da Bombril, da Brastemp, da Coca-Cola eram verdadeiros acontecimentos. Aquilo moldou muito da forma como eu penso a comunicação."

Mais do que nomes específicos, ele valoriza o repertório plural. A leitura, a música, o cinema, o teatro, tudo compõe a base de um profissional capaz de pensar diferente. “Quem vai para um programa ao vivo entende bem o peso disso: é o repertório que dá condições de improvisar, de criar, de contribuir."



A docência como escolha

Entre mercado e sala de aula, Bob reconhece que sua prioridade é permanecer na docência, sem, no entanto, abandonar trabalhos pontuais como freelancer. “Se eu puder escolher, quero ficar na docência por muito tempo. Talvez não para sempre, porque ninguém sabe. Mas por muito tempo, sim. É um sonho maior do que eu poderia imaginar."





Thiago Brandão e Vitor Gabriel Abreu

Foto: Alessa Santos

Revista JAMES

SETEMBRO / 2025


 
 
 

Comentários


Não é mais possível comentar esta publicação. Contate o proprietário do site para mais informações.

Receba nossas atualizações

Obrigado pelo envio!

© 2025 por Revista JAMES

bottom of page