top of page

Em entrevista exclusiva, o Delegado Dr. Marcos de Alencar Miranda analisou o trânsito em Valadares e foi claro: “De janeiro a abril, a palavra que define o trânsito em Valadares é: morte.”

  • Foto do escritor: JAMES
    JAMES
  • 9 de mai.
  • 3 min de leitura

À frente da Delegacia de Trânsito e da JARI (Junta Administrativa de Recursos de Infrações), o Delegado Dr. Marcos provoca uma conversa incômoda, mas necessária.


ree

Governador Valadares enfrenta uma escalada preocupante de crimes de trânsito em 2025. Para o delegado, a gravidade dos casos vai muito além de infrações administrativas. “Temos observado que muitos desses crimes envolvem dolo eventual.”


O dolo eventual ocorre quando o condutor não deseja o resultado, mas também não se importa se ele acontecer.

“Eu tomei uma, estou sem cinto, não sou habilitado e vou colocar velocidade. Se causar, causou. Eu não estou nem aí.”

É com esse tipo de mentalidade que vidas têm sido perdidas.



Dois casos que revelam o peso da negligência e da violência nas vias.


O primeiro envolve a morte de uma psicóloga, grávida de sete meses, e de seu esposo, gestor de patrimônio da Prefeitura de Engenheiro Caldas. O casal voltava de um exame de pré-natal quando teve o carro atingido violentamente por um veículo de porte bem maior que invadiu a pista em altíssima velocidade, na BR-116.

“Foi tão violento que, inicialmente, o bebezinho nem apareceu. Quando chegou ao IML, os legistas viram que ele foi parar na região posterior do corpo dela.” A cena comoveu até os profissionais mais experientes da equipe forense.


O segundo caso é o da senhora Milene. Ela foi atropelada em uma via urbana, na rua Israel Pinheiro, próximo ao Mercado Municipal de Valadares, cujo limite era de 40 km/h. O motorista estava a 113,6 km/h.

O motorista fugiu sem prestar socorro.

“Prestação de socorro não é um ato optativo. É um comando da norma. Ainda que não por você mesmo, você deve acionar as autoridades. E ele simplesmente seguiu em frente.”


Dr. Marcos afirma que lutar para que o caso fosse julgado como homicídio, e não apenas como crime de trânsito, foi um dever ético e jurídico. “Quando desprezou aquele corpo no chão, foi como se dissesse: que se dane. Isso é dolo eventual.”


Hoje, o autor está preso preventivamente. As provas reunidas na investigação são contundentes: “Ele bebeu, ele acelerou, ele fugiu. Tudo isso está nos autos, com testemunhas e depoimentos.”




Tecnologia, estrutura e responsabilidade


O Delegado também destacou o papel estratégico das câmeras de segurança da cidade, operadas pelo COI (Centro Operacional Integrado). “As pessoas acham que as câmeras estão ali só para multar. Mas elas podem acelerar ou retardar o tempo dos semáforos, conforme a operação da polícia. São ferramentas de proteção.”


Sobre a estrutura urbana, comentou que a ciclofaixa, embora prevista em lei, é pouco respeitada. “Eu, pessoalmente, sou mais favorável à ciclovia, porque ela tem barreira física. Muitas pessoas não têm pudor em ultrapassar dentro da faixa, mesmo com sinalização.”




Maio Amarelo e o clamor por mudança


O Maio Amarelo já começou em Governador Valadares. A cerimônia de abertura foi realizada no dia 6 de maio, na Praça da Estação, e contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o Delegado Dr. Marcos.

O evento destacou a importância da prevenção e incluiu, de forma inédita na cidade, uma simulação de frenagem que chamou a atenção pelo caráter educativo e pela capacidade de provocar reflexão.


“No trânsito, pratique a gentileza urbana. Dê a preferência ao outro.”

Uma frase dita por uma agente de trânsito que o Delegado passou a adotar como mantra pessoal e institucional.




Um apelo que vai além da lei


Dr. Marcos encerra com um apelo humano: “Quando você está no trânsito, lembre-se: alguém me espera. A vida só dá uma safra.”


A entrevista com o Delegado Dr. Marcos de Alencar Miranda é um alerta direto: o trânsito de Governador Valadares exige mudança estrutural e humana.


Que o Maio Amarelo comece com escuta, mas termine com atitude. Porque como lembrou o Delegado, alguém sempre nos espera em algum lugar. Na porta de casa. Em uma ligação. Ou na própria vida.



Revista JAMES

Maio/2025






 
 
 

Comentários


Receba nossas atualizações

Obrigado pelo envio!

© 2025 por Revista JAMES

bottom of page